sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

História de vida

Ser introvertido, não nasceu comigo.
Eu considero ter sido uma criança super feliz e social.
Sempre tive imensos amigos, aliás as minhas discussões com os meus pai sempre foram porque eu queria estar sempre com os meus amigos.
Desde que entrei na escola até sair da universidade, eu sempre fui social e sempre fiz amigos com facilidade.
Ainda hoje faço!
Não precisava de uma desculpa para sair de casa, nem para conhecer pessoas novas!
Mesmo quando entrei no mundo do trabalho, eu continuei a fazer imensos amigos por onde passava. Fossem trabalhos temporários ou os que fiquei mais tempo.
O meu primeiro trabalho sério e que adorei, foi de recepcionista. Eu adorava trabalhar com pessoas. Saí desse sitio de coração cheio, com as pessoas que conheci.

Ser introvertida e não gostar de pessoas, é algo relativamente novo para mim.
Perceber de onde apareceu é algo que me intriga.
Eu simplesmente acordei um dia e vi-me nesta vida.
Estava adulta, tinha responsabilidades, tinha de lidar com coisas que normalmente os adultos não contam ás crianças, mas que todos já passámos por isso.
Como é que se ultrapassa algo que não se conhece?! Que não se sabe que existe?
E como se não bastasse essa confusão, como se lida com tantas as pessoas que invalidam as tuas escolhas, porque as delas são sempre melhores ou simplesmente porque não aceitam a diferença?!
A melhor solução que arranjei para todas estas questões e outras tantas que se foram colocando?
Dormir sobre o assunto! Literalmente dormir!
Acho que passei mais de metade dos meus últimos anos a dormir, na esperança que esta confusão passasse.
Se dormirmos nada nos pode magoar, seja fisicamente, seja os nossos próprios pensamentos!
Outra solução, foi manter uma distância das pessoas, pois a confusão é demasiado grande para conseguir explicar a alguém e parece que ninguém nos entende!

Perceber tudo isto, perceber que estes foram mecanismos para conseguir lidar com algo,que eu nem sei o que foi, e que não me identificam com o que realmente sou. Mas, ficou marcado de tal forma que fui perdendo parte do que me caracterizava e que eu tanto gostava em mim.
No entanto, é  também uma vitória para mim.
É um passo para me aceitar e melhorar-me a cada dia.
É um passo para aceitar a mudança na nossa vida e aceitá-la de forma positiva.
Porque não há melhor sensação do que sermos felizes connosco mesmos.


Hoje, posso dizer que sou feliz por ser introvertida e não me importo com o que digam.
Quanto mais me conheço, mais feliz sou! E se o que sou é uma introvertida, então eu vou abraçar essa parte de mim, pois é só uma parte do que me define não o todo!

Bom fim de semana!

1 comentário:

  1. Fizeste-me lembrar a teoria da Gestalt.

    Não se pode ter conhecimento do todo através da soma das partes mas sim conhecimento das partes através do todo.

    Os conjuntos têm leis próprias e estas regem os seus componentes.

    O todo é mais do que a soma de todas as partes.

    Como tu. És muito mais no todo do que a soma das tuas partes.

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